Pensando nas limitações acho que cada um tem as suas, nem todo mundo gosta de tudo igual, cada pessoa tem mais facilidade ou dificuldade pra isso ou pra aquilo, assim também são nossos alunos.
Tenho uma filha de 13 anos que é ótima ouvinte. Ela não gosta de decorar e acha que não precisa, que estudar é aprender e não repetir, ou simplesmente ler um livro e pronto, na ultima avaliação de Geografia ela não foi bem, porque não decorou o que o professor pediu, chegou em casa muito chateada, achando-se injustiçada e eu como mãe tive que amenizar a situação, tentei fazer ela entender que cada professor tem seu método e que infelizmente muitas vezes na vida precisamos fazer o que não gostamos, que o decorar se faz necessário nesse momento para ela passar no bimestre e conseqüentemente no final do ano.
Tenho que confessar que minha vontade era ir lá e discutir com esse professor , questionando-o sobre o que ele está fazendo, que tipo de educação ele acredita, mas me contive. Sugeri pra minha filha que conversasse com o professor e colocasse o que ela pensa, que relatasse que não gosta de decorar, que prefere entender; quis com isso faze-la entender que ela já pode resolver os seus problemas, que com certeza a família está presente, mas que nossas frustrações precisam ser resolvidas , é preciso ter AUTONOMIA - agir por si, assumir os riscos de suas ações.
Jean Piaget caracterizava "Autonomia como a capacidade de coordenação de diferentes perspectivas sociais com o pressuposto do respeito recíproco". (Kesselring T. Jean Piaget. Petrópolis: Vozes, 1993:173-189).
O bom senso é outro fator que deve permear a prática docente, tendo respeito a autonomia, a dignidade e a identidade do educando, o educador pleno do conhecimento que rege o bom senso, exerce em sala de aula a autoridade a ele concedida porém sem o autoritarismo que se vê em sua essência. (Paulo Freire).
Então, depois disso tudo parei pra pensar que muitas vezes não conseguimos trabalhar com as nossas limitações e com as limitações dos alunos, ainda prevalece aquele pensamento que todos são iguais e que sabem e podem fazer as mesmas coisas, que apenas uns gostam ou não gostam de fazer, esquecemos que na verdade aí está a dificuldade ou facilidade de cada um. Assim será que damos oportunidade para nosso aluno desenvolver sua autonomia, completar o seu processo passando da Anomia, a Heteronomia e finalmente nosso objetivo maior a Autonomia.
Com certeza ainda reproduzimos muito do que nossos professores e sociedade nos incutiu, é preciso muita reflexão e um passo de cada vez para conseguirmos progredir e transformar o nosso pensamento.